Textos

Nuvem calma

Depois de muitos adiamentos, finalmente decidiu-se a embarcar.
Mais que passeio, a viagem era missão. Não fazia a menor ideia do que iria encontrar e também nada programou além de esperançosa serenidade.
Numerosos desencontros, confusões, rancores não pacificados, indicavam ser a hora adequada de superar o passado difícil e corroído por tantos acontecimentos indigestos, geradores de imenso sofrimento.
Preparou a mala com leveza e com a bandeira de paz. Convicta, embarcou.
A tranquilidade seria sua única parceira. Abandonou qualquer expectativa ou questionamento que pudesse obscurecer seu desejo de reencontro.
Logo na chegada, não demorou a perceber que o sentimento era recíproco. Tudo havia sido preparado para agradá-la.
Juntos, curtiram os momentos com intensidade. Da geografia aos costumes, passando pela culinária, a tudo pode sorver com tranquilidade e encantamento.
No Pelourinho, com suas bandeirolas coloridas, sentiu-se criança livre e feliz. No Mercado deliciou-se com as tão diferentes frutas. Amigos a acolheram com imenso carinho e maior vontade de lhe apresentar as delícias da cidade
A cada nova descoberta e experiência, um prazer imenso a acompanhava, abençoado pelas tantas antigas e belas Igrejas, sedutoras praias repletas de barcos de pesca a flutuar tranquilos no embalo das ondas, numerosas caipiroskas de frutas da terra, caldinhos e moquecas, temperando o espetacular cenário abençoado por todos que ali chegaram, por bem ou não.
Nas mornas águas da Bahia, pode dissolver suas dores e anos de tristeza.
Em cada fita colorida oferecida, reiterou o desejo de leveza e renascimento.
Pisando nos degraus do avião, orgulhosa da terra abençoada, segura, completa ,finalmente com o irmão resgatado, mais uma vez olhou apaixonada para a cidade e pensou - Bahia, terra da felicidade, moreno, eu já vou louca de saudade...


Crônica escrita na Oficina Santa Sede- Aperitivo